Marília* (nome fictício) trabalha na área de saúde e tem 41 anos. Aos 35, terminou um relacionamento de mais de 10 anos, após várias tentativas de engravidar.
Ao se separar, optou por uma decisão importante: O congelamento de óvulos. E com isso, durante a sua licença maternidade, entre as mamadas da pequena Cecília* (nome fictício), de apenas 4 meses, que ela contou ao Entre Elas como foi todo o processo.
Confira:
“Eu sempre tive o sonho de ser mãe. Me casei aos 29 anos e o desejo de aumentar a família sempre esteve presente no relacionamento. Tentamos engravidar muitas vezes, mas não conseguimos e, quando já tinha 35 anos, acabei me separando.
Ao assinar o divórcio, uma das primeiras decisões que tomei foi congelar meus óvulos. Já estava com 35 anos e não tinha como saber o que viria pela frente, quando teria um novo relacionamento, além disso, não queria arriscar e perder a chance de engravidar. Na época, congelamento de óvulos não era um tema muito debatido.
Ainda havia um certo tabu e preconceito em gastar dinheiro com isso.
Na primeira coleta, foram congelados apenas três óvulos, apesar de ser considerado insuficiente para a fecundação. Por isso, no ano seguinte, fiz uma nova coleta e ao final congelei 19 óvulos.
Em ambos os processos, tudo ocorreu de forma simples e sem nenhuma complicação. Foram 15 dias de medicação hormonal e acompanhamento médico. A coleta é parecida com o exame de Papa Nicolau, não dói e é super-rápido. Também não engordei, nem fiquei irritada, foi tudo muito tranquilo. Contudo, foi completamente diferente de tudo que já tinha ouvido sobre o tema.
Há dois anos, me casei novamente e voltamos a falar sobre ter filhos. Porém, como eu já estava com 40 anos, optei por utilizar meus óvulos congelados e fazer a fertilização in vitro.
Ao descongelar os óvulos e realizar alguns testes genéticos, dos 19 congelados restaram apenas 2 embriões e foi implantado apenas um, pois não queria gêmeos.
A implantação também foi um processo muito rápido, durou cerca de duas horas. O mais difícil foi aguardar os 10 dias para ver o resultado. E assim veio a grande notícia: deu tudo certo e de primeira!!!
Hoje, ao ver nossa filha, meu marido agradece por eu ter tido a ideia de congelar os óvulos e brinca que teve filho com uma mulher de 35 anos. Optar pelo congelamento de óvulos naquele momento foi, de longe, a melhor decisão que eu fiz, isso porque vejo amigas com a minha idade com dificuldade para engravidar.
Acho que a mentalidade está mudando e o assunto já está sendo tratado de forma mais natural
Acredito que deveria estar presente, inclusive, nas clínicas médicas, como possibilidade de tratamento para mulheres a partir dos 30. Algumas empresas já subsidiam o custo do congelamento como benefício trabalhista, o que é bárbaro e dessa forma, possibilita que mais mulheres decidam o momento certo de serem mães.
Se eu pudesse dar um conselho, seria: congele os óvulos aos 25 anos. E se pudesse voltar no tempo, faria novamente, mas teria feito até mais cedo.”
E você? Conhece alguém que tem interesse em congelamento de óvulos ou fertilização in vitro? Compartilhe com ela a experiência da Marília*.
É importante lembrar que cada uma de nós tem uma história única e nossos corpos não são iguais, por isso as reações aos tratamentos podem ser diferentes. Portanto, é fundamental o acompanhamento de um especialista para que tudo saia como planejado. Tenha isso em mente e procure ajuda sempre que necessário. Se cuide!
*O Entre Elas trocou os nomes da mãe e da bebê para preservá-las.
Adorei o depoimento! Temos que falar mais sobre isso